Rodrigo Raineri se torna o 1º alpinista do país a guiar até os setes cumes
Dez anos após a morte de Vitor Negrete no Everest, seu principal parceiro de escaladas, Rodrigo Raineri, desenvolveu habilidades na alta montanha que o coloca em um grupo seleto de alpinistas. Em agosto, o paulista de 47 anos se tornou o primeiro brasileiro a chegar nos sete cumes do mundo (que consiste nos pontos mais altos de cada continente), não só como alpinista mas também como guia principal das expedições. Foi Rodrigo que levou Vitor, no fim dos anos 1980, a suas primeiras grandes expedições em montanhas quando os dois ainda eram jovens estudantes da Unicamp, em Campinas (SP). Desde esta época, Rodrigo nunca parou de organizar grupos de escaladas e fomentar o esporte. Formado em Engenharia, Rodrigo optou por viver da montanha e é através dela que consegue seu sustento — já escreveu livros, dá palestras, organiza expedições, etc. Diferentemente da maioria de muitos de seus clientes, ele demorou a entrar no projeto sete cumes. Para se ter uma ideia, foi ele que guiou o cearense Rosier Alexandre no Aconcágua. Em maio, ele se tornou o primeiro nordestino a escalar os sete picos. — Nunca tive essa pretensão de completar os sete cumes. Já havia escalado o Aconcágua (Argentina) e o Kilimanjaro (Tanzânia) algumas vezes. Mas foi em 2013, após ter escalado o Everest pela terceira vez, que comecei a pensar em novos desafios. Tinha um amigo que só faltava o Carstensz (Nova Guiné) para completar os sete. Então resolvi guiá-lo e fomos no mesmo ano. Depois disso, faltavam apenas mais três, que em nível técnico são muito abaixo do que eu já havia experimentado no Everest — disse Rodrigo. Em junho de 2014, Rodrigo chegou no topo do McKinley (Alasca). Em janeiro do ano seguinte, Rodrigo alcançou o cume do Vinson (Antártida). No último dia 12 de agosto, ele completou os sete após pisar no topo do Elbrus (Rússia). A caminhada até o Elbrus e Vinson não proporcionam metade da tensão que é chegar até o pé da Carstzens. É preciso dias de caminhada por uma selva hostil repleta de animais e tribos canibais. Para chegar lá, só pagando uma tribo local para acompanhar no caminho, e é preciso torcer para não se deparar com algum desses dois perigos no caminho. A comunicação é apenas em gestos. Apesar dessa ajuda local, é Rodrigo que costuma guiar as suas excursões mesmo nunca tendo ido ao local. —Eu estudo muito a região, vejo os mapas e fotos dos caminhos. Consigo fazer o caminho mesmo sem nunca ter ido ao local. Para uma pessoa leiga em montanha, isso pode parecer loucura. Mas já tenho bastante conhecimento e experiência para isso, além de calcular o risco. Todos os meus clientes chegaram são e salvos de todas as expedições que fiz — disse Rodrigo. Flatulências e desistências Sendo guia e líder de expedições, Rodrigo precisa de habilidades variadas: — Já tive que lidar com cliente que surtou e resolveu pass a noite no alto da montanha o que lhe custaria a vida. Há também situações engraçadas. Na altitude, é normal o corpo liberar gases involuntariamente. E já tivemos alguns casos de flatulências homéricas durante a refeição — disse Rodrigo. Constrangimentos à parte, uma das situações mais delicadas é explicar aos excursionistas a difícil decisão de voltar para o acampamento a pouco metros do cume. Mas Rodrigo é especialista em ter sobriedade nos momentos de euforia. Prova disso é que ele só chegou só alcançou o topo do Everest em sua terceira temporada na montanha. Na primeira, em 2005, chegou a retornar a 50m do cume. Tentativas e cumes de Raineri nos sete: 12 de agosto de 2016: Cume Monte Elbrus 8 de janeiro de 2015: Cume Monte Vinson 18 de junho de 2014: Cume Denali 29 de outubro de 2013: Cume Carstensz 21 de maio de 2013: Cume Everest 20 de maio de 2011: Cume Everest 27 de maio de 2008: Cume Everest Maio de 2006: Não Cume Everest (Acidente do Vitor) 2 junho de 2005: Não Cume Everest: Retornou a 50m do cume 30 de março de 2010: Cume Kilimanjaro 18 de agosto de 2003: Cume Kilimanjaro 2005: Aconcágua – Cume Rota Noroeste 7 de agosto de 2004: Cume Aconcágua Invernal 2 de janeiro de 2002: Cume Aconcágua Face Sul 2001: Aconcágua – Não Cume: Face Sul 1998 (2x), 1999, 2000, 2001: Aconcágua – Não Cume: Rota Noroeste 1996: Aconcágua – Cume Rota Noroeste 1993: Aconcágua – Cume Rota Noroeste http://blogs.oglobo.globo.com/radicais/post/rodrigo-raineri-se-torna-o-1-alpinista-do-pais-guiar-ate-os-setes-cumes.html
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